Por Francisco Alves dos Santos Júnior
O seu nome era Marta.
Tinha, na parte interna da coxa direita,
Escrito a leite quente de castanha de caju,
O nome Marcos,
O seu primeiro homem,
Talvez o seu primeiro e único amor,
Com quem se “perdera”
E de quem se perdeu
Ainda em tenra idade
“Nunca mais nos vimos”,
Disse-me, entristecida,
Sentada na ponta da cama
Daquele quente quarto de bordel.
“Meu Pai e meus irmãos queriam matá-lo.
Mãe eu já não tinha.
Então, Marcos sumiu
no mundo,
Deixando no meu ventre juvenil,
Sem querer e sem saber,
O nosso filho.
E,
Numa maldade sem fim,
Meu Pai e meus Irmãos
Expulsaram-me de casa,
‘Filha solteira prenha aqui não fica!’
Bradou, colérico, meu Pai.
Por isso terminei neste bordel,
Donde tiro o sustento do nosso filho”.
Marta, minha primeira mulher,
Tinha um filho
Do seu primeiro homem,
Chamado Marcos,
Marcado, a leite quente
de castanha de caju,
Na parte interna da sua coxa direita.
Quando nos despedimos,
O sol das cinco horas da manha
Já derretia o delicado orvalho das flores silvestres do lugar.
Recife, 01.06.2021, 22:15h.