quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Meditação.

 

                 Por Francisco Alves dos Santos Júnior

 No silêncio,

Ouço todos os barulhos do mundo.

Lá longe, 

Sinto o brilho prateado da luz da lua deitada nas águas do mar. 

E medito sobre a vida,

Sobre os medos, a ansiedade, 

Sobre o nada que somos

E que teimamos em ser o centro do universo.  

Pobres coitados!


Recife, 15 de janeiro de 2025.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O FIM

                           Por Francisco Alves dos Santos Júnior 

Quando

Não mais houver aquele frêmito no encontro das mãos,

Ou de mãos dadas deixarem de andar,

Não mais tiver aquele mágico

Olhos nos olhos,

Nem as bocas sentirem a ânsia

Dos lábios nos lábios,

Os corpos não mais se sentirem 

E o silêncio passar a ser a "linguagem" do casal,

Tristeza, mas,,,

Chegou a hora de dizer adeus. 

                                             Recife, 13.01.2025, 01h00, modificado em 29.01.2025, às 20h50.


terça-feira, 10 de setembro de 2024

CREUZA: UMA CIDADÃ ACIMA DE TUDO.

Por Francisco Alves dos Santos Júnior

Creuza Alves Gomes se foi no Dia da Pátria, 07.09.2024, com 88(oitenta e oito) anos de idade. Era nossa aparentada. Foi titular do Cartório de Registro Civil de Milagres-CE, no qual se aposentou. Chegou a ser Vereadora da cidade. Era o alicerce e colunas da sua grande família: filha, netas, irmãos, sobrinhos. Tinha o que o povo chama de "pavio curto", não levava "desaforo pra casa" e usava muitos palavrões, mas era de um coração imenso, prestativa e tinha uma legião de amigos. Depois de muitos dias doente, descansou. Certamente terá uma boa acolhida no Reino de Deus, porque aqui na terra foi um exemplo de trabalho e dedicação aos outros. Fará falta, deixou muita saudade. 

Recife, 10.09.2024.

terça-feira, 28 de maio de 2024

EDITE, EXEMPLO DE DEDICAÇÃO AOS POBRES.

Por Francisco Alves dos Santos Júnior

Recebi a notícia da Ivanize Leite, pelo whatsapp: "Madrinha Edite morreu hoje". Faleceu em 26/04/2024, às 11h30. E mandou-me a fotografia de Edite, ainda jovem, com um véu que sempre usava, pois era "Filha de Maria" e Franciscana. Estava com 99 anos de idade. Há uns três ou quatro sofreu um AVC e estava vegetativa em cima de uma cama, aos cuidados das suas irmãs de sangue, já idosas e doentes, e de amigos, como a Ivanize. Vários conhecidos colaboravam financeiramente para os gastos com medicamentos, fraldas. Depois que se aposentou do Cartório do Registro Civil, do qual era funcionária, com um salário mínimo, isso lá pelo início da década de 80 do século passado, passou a dedicar-se aos pobres. Arrecadava mantimentos e até dinheiro para comprar remédios e alimentos e destinava tudo aos pobres da nossa pequena Milagres, lá no sul do Ceará. Mesmo morando em Recife, nas minhas poucas idas a cidade Natal, sempre a visitava. Ela era miudinha, falava baixinho e sempre com um risinho simpático. Nunca casou, não sei por qual motivo, pois tinha lá os seus encantos físicos. Talvez porque, além do trabalho, dedicava-se muito à Igreja Católica e funcionava como uma verdadeira auxiliar do Padre. Não fui ao seu funeral, ocorrido no dia 27.05.2024, mas soube que a cidade foi "em peso" dar o seu último adeus a essa servidora de Deus e do Povo. 

Que a Deus a tenha.

Recife,28.05.2024, 16h45.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

CARNAVAL DE 2023

Por Francisco Alves dos Santos Júnior

Este ano não me animei a ir ver o carnaval de Olinda, nem do Recife antigo. O Galo? Nem pensar.

A violência urbana, principalmente assaltos, tira a vontade de qualquer idoso de ir, sozinho, a esses eventos de rua. 

Estou aproveitando esse longo feriado para passear na praia, visitar parentes, ler e até dar uma adiantadinha no meu trabalho(apesar dos 70 anos de idade, continuo na minha atividade de barnabé federal).

Nas minhas caminhadas diárias, no calçadão da bela praia do bairro de Boa Viagem, feitas no início da noite, pros lados de Jaboatão dos Guararapes, para não dizer que não vi nada de carnaval neste ano, notei uma banda musical, até de boa qualidade, tocando num palco externo do Teatro do belíssimo Parque Dona Lindu, com alguns "gatos pingados" a apreciar, mas sem pular, como é típico nessas manifestações carnavalescas. 

Também, numa das barracas, havia uma banda musical, animando os comensais, que lotavam o calçadão no local e forçava os pedestres, com certo risco, a invadirem a pista dos ciclistas para poderem passar. 

E, pelo menos até o dia de hoje, segunda-feira de carnaval, aqui em Recife a chuva não deu as caras e tem feito um sol maravilhoso, exatamente o contrário do que vem ocorrendo no Estado de São Paulo, onde, segundo o rádio e a televisão, as cidades litorâneas de Ubatuba e São Sebastião foram submetidas a verdadeiro dilúvio, com a destruição de muitas moradias e mais de quatro dezenas de mortes, centenas de desabrigados, além de muitos alagamentos na Capital bandeirante.  

No próximo ano, vou viajar, pegar o meu carro e sair por aí, prometo!

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Dia//.../Estranho

Por Francisco Alves dos Santos Júnior                                             O "dia de finados" traz-me estranhas sensações. Uma vontade de ouvir, de visitar, mas o(a) Finado(a) não mais pode me ouvir, nem ser visitado(a). Busco no pensamento a imagem, mas ela me chega desfocada, informe, gasosa, etérea. Eterna? Sem dúvida, é-me um dia, não digo triste, mas estranho. Não é triste, porque a morte é a única certeza que temos. Pagar impostos também. Mas, estes alguns conseguem sonegar. Daquela não há como sonegar-se. O certo é que o dia de cada um de nós chegará e todos os orgulhos, empáfias, vaidades esvair-se-âo. E nos restará apenas o mistério do além, o aparente sem sentido da vida.

sábado, 19 de novembro de 2022

RECORDAÇÕES III: A ""MATANÇA".

Por Francisco Alves dos Santos Júnior

Era na tarde do último dia da semana. Íamos para a “matança”, lugar cujo nome se confundia com os atos que ali aconteciam, lá no alto da Rua dos Ossos, periferia da cidade de Milagres-CE. Estávamos na faixa dos 8 aos 11 anos de idade. Chegávamos eufóricos, sentávamos no último degrau da cerca do curral, de médio porte, feito de caules de coqueiros. Dentro do curral estavam os garrotes e garrotas que iam morrer. Guardo bem na lembrança a imagem dos irmãos Cosme e Damião, gêmeos, de estatura pequena, bigodinho fino, bem parecidos um com o outro, açougueiros(chamados no lugar de marchantes) e que, embora tivessem nomes de Santos, de santo nada tinham. Os animais eram encurralados, um a um, para uma espécie de “corredor da morte” e, quando chegavam ao seu final, como num pressentimento ruim, tentavam fugir por baixo do último tronco da cerca. Um dos irmãos gêmeos aproximava-se, por fora da cerca, segurava, firmemente, um dos chifres do animal, e o outro chegava, com uma faca-peixeira ligeiramente longa, fina e afiada, e a enfiava na parte interna, entre os chifres do animal e este, num berro alto e triste, caia estrebuchando. Dali era imediatamente arrastado para um lugar descampado, onde o seu coro e as suas vísceras eram retirados. Às vezes, a garrota estava prenha e de dentro dela arrancavam um bezerrinho, já com couro bem macio. Nós, crianças, assistíamos a tudo, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e aguardávamos ansiosos pela "bixiga" do animal, que, depois de lavada, era assoprada na boca mesmo, como se bola de assopro fosse, e então se transformava numa grande bola oval de futebol, que usávamos por longo período